Barracos Virtuais

As redes sociais são ferramentas interessantíssimas de interatividade, nos permite obter informações, conhecer pessoas e estar em contato diariamente com elas, mesmo estando a quilômetros de distância. Gosto de tecnologia, gosto de ler e conversar com pessoas e as redes sociais nos permitem isso, com um fator muito importante: A rapidez da informação. Acho isso incrível!

E quantas pessoas interessantes conhecemos, não é? Eu posso dizer que sou uma privilegiada, encontrei pessoas que considero minhas amigas. Porém, como qualquer outra coisa, as redes sociais também apresentam seus aspectos negativos. Como em qualquer outro ambiente a convivência não é fácil, as pessoas possuem personalidades diferentes da nossa e isso pode acabar em atrito, elas mentem, se fazem passar por quem não são.

Funciona assim: a pessoa começa interagir com você, você começa a gostar da tal pessoa pelo fato de se identificar com as coisas que ela posta, se aproximam, compartilham histórias e é aí que mora perigo. Infelizmente ou felizmente são bem poucas as pessoas que podemos confiar. Eu fico muito feliz quando encontro pessoas que confiam em mim, que contam histórias de suas vidas e acreditem, em quase um ano e meio de existência do meu perfil Papo de Mulher, já conversei com bastante gente, muitas histórias, mulheres batalhadoras, mulheres que estão sujeitas a agressão, a violência sexual, violência doméstica e muitos outros casos. Na maioria das vezes elas não têm com quem conversar, elas precisam de alguém que as ouça, entenda, você nem precisa falar nada, apenas estar ali, ‘ouvi – las’! São informações muito pessoais, agora imaginem vocês, uma pessoa que não seja confiável, que se faça passar por amiga, de posse de informações tão pessoais como essas? Isso pode ser um grande problema.

Se formos perguntar, cada um sabe de uma história. Como a menina que inventou um monte de mentiras para um grupo de amigos virtuais, que uma hora se passava por doente terminal, outra usuária de drogas. Para uns sofria abuso sexual, já para outros tinha um amante. Que deixava esses amigos virtuais preocupados, muitos buscando maneiras de ajudá – la, mas quando viu que esses mesmos amigos estavam descobrindo sua rede de mentiras, deletou os perfis no twitter , FB e desligou os celulares e simplesmente evaporou... E o que é isso senão uma perturbada, uma sociopata? E quantas pessoas assim não estão soltas por aí?

Vivemos em um mundo virtual em que, o fato de você ter uma opinião divergente da maioria é sinal de recalque, um ambiente em que tudo, absolutamente tudo, qualquer desentendimento, por menor que seja, vira motivo para uma chuva de indiretas e aí senhores, salve – se quem puder! Temos nossas vidas expostas, e fazemos questão de manter todos os acontecimentos devidamente registrados, fotografados, com os envolvidos marcados e ainda esperamos que as pessoas curtam isso, mas ao mesmo tempo reclamamos da exposição, das pessoas que cuidam de nossas vidas e aí, toma indiretas! Às vezes tenho a impressão que o diálogo está se tornando desnecessário, que as pessoas pensam que, postando um monte de indiretas/diretas e choradeiras as coisas se resolverão e esse NÃO é o caminho, é preciso cada um reconhecer seu erro, RESPEITAR a opinião do outro, isso é uma coisa tão básica, mas que está sendo esquecida. Amizade: virtual ou não, requer reciprocidade, precisa de respeito, respeitar a opinião e as escolhas do outro é fundamental.

Sou da opinião que roupa suja se lava em casa, logo, no ambiente virtual, que seja nas ‘particulares’. Quer discutir relação, xingar o namorado, xingar a vaca que curtiu o status do seu namorado, cobrar alguma dívida, brigar com uma ‘amiga’, falar sacanagem, dar aulas de sexo do módulo: como fazer, chame a pessoa nas mensagens particulares e RESOLVA, CONVERSE, FAÇA! Eu sinceramente perco o tesão quando abro o twitter para ver o que se passa e percebo que está rolando uma discussão, ou que a as carapuças estão lançadas. Sério, o que é para ser uma distração vira um motivo de chateação. Percebo que, conteúdos desse tipo dão muito ibope, que muitos usam essas discussões para se promover.

Acredito que isso não seja apenas só uma questão comportamental, mas também uma característica pessoal das pessoas. Penso que, exposição demais pode ser prejudicial, que tem horas que é melhor CALAR, que tem situações ou pessoas que é melhor ignorar, que muitos atritos bobos podem ser evitados. Penso que muita gente está de olho em seu perfil, inclusive seus superiores no trabalho, portanto, tomem cuidado com as postagens e discussões nas redes sociais. Tenham em mente que isso pode até render processos judiciais.

Defendo a ideia de que bom senso e um pouco de elegância são fundamentais para qualquer situação, que o melhor da vida fazemos quando estamos ‘offline’ e, portanto, ninguém ou nem todos precisam saber! Não acham?!

Texto meu originalmente publicado na coluna que participo - As Boas de Papo em Solteiropolitano ~~> Ali