Mergulhada no silêncio dos que se observam... Um filme, um livro, uma
música, um acontecimento convencional que mexeu mais do que o normal e essas
coisas de achar que eu não sou deste planeta, mas que apenas estou nele: eis a
minha necessidade de aceitação. Mas sei também que pessoas são Universos e que
eu, o sendo, tenho que cuidar para que esteja confortável nele, ou seja, em
mim. Chorei quando estava triste, senti saudades fundas, dei gargalhadas de
situações absolutamente normais, tive ideias “geniais”, abracei, fui
acariciada, fiquei aninhada no amor, depois me enrosquei com a solitude... Fiz
tudo o que quis e pude. E percebi cada um destes sentimentos e minhas reações a
eles. Mas o que percebo, é que a alegria que mora em mim clama por vida, não
somente pelo sossego; clama pelo dinamismo, pelas mudanças, pela sobriedade,
pela esperança. O que há de irremediável não se cura com placebos. Se eu
rejeito é porque não quero. Se eu recebo é porque já participa de algo aqui
dentro. Minhas ambições são apenas estar com a roupa adequada para quando eu
sumir nesta estrada, nunca sentir que minha intuição e o meu coração estão
desagasalhados...
(Marla de Queiroz)
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